2016 , um ano particularmente longo e difícil se encerra. Nessa época do ano, é a época do desapego. De dar roupas que você não usa mais , de se desfazer de livros , de comprar novos , de fazer aquela faxina no quarto, na casa , na vida.
Nisso estava pensando. São tantas coisas entulhadas! Aquela caixa cheia de recados antigos que guardei para ler depois , mas nunca li. Aqueles DVDs que fiquei de ver depois e se passaram quantos anos ? Dois , três, voaram os anos, e não revi. Só alguns haha
Aqueles papéis - de quê, mesmo ? - anos nas gavetas. Aquele livro que nunca li. Aquele filme que nunca devolvi. Aquela roupa que nunca mais usei.
Como entulho coisas ! E olha que todo ano tem faxina !
Sou do partido que pensa " assim como são as coisas, assim como é a mente ". Quero dizer que acredito que a forma como estão as coisas refletem , muitas vezes , quem somos , como estamos , como nos movimentamos.
Pensei em quantas coisas estavam entulhadas em mim : velhas crenças , preocupações antigas, velhas histórias que precisam de um outro ponto de vista , antigas preocupações. Como entulho coisas em mim !
E, diante disso , existe o desafio de chegar mais perto de si , de entender o que realmente importa , o que faz sentido, o que é sincero .
O namorado vem dizendo que ando com cara de preocupada . Sou eu tentando não surtar com todas as coisas que acumulo , tentando domar o sofrimento por antecipação, a preocupação se vou usar tudo o que eu tenho antes de vencer , antes de acumular anos na estante até que o sebo não aceite mais , antes de passar muito tempo até eu perceber que já não me serve mais , que é melhor na vida de outra pessoa.
Minha preocupação já percorreu todos os meus armários e gavetas. E o trabalho continua em movimentar aquilo que está parado , em doar , revender , reaproveitar , reutilizar. Minha preocupação segue pensando se não tenho mais do que posso usar. Em como dar espaço para o novo sem entulhar.
A preocupação segue , tentando ficar menos preocupada , tentando retornar às coisas simples e essenciais , tentando entender que as coisas precisam de tempo e que para tudo se tem um jeito.